Confesso que nunca te confessei


Eu sei muito bem o que você anda falando, sei que diz que eu nunca lhe digo nada, por isso mesmo quero que fique atento a essas palavras: Se é questão de confessar, quero que saiba que eu nunca lhe forcei a nada, mas também quero que entenda que meu coração já foi forçado a te entender.
Se for pra confessar, quero que converse comigo nessas palavras, pois nelas estão os versos que nunca lhe confessei.
Pois meu amor, se tu diz que eu nunca lhe confessei,  quero que saiba que eu não vivo sem café e sonho no dia que você dirá que não vive sem mim. Se é questão de confessar, nunca mais te vi dormir e se for pra me culpar, quero que saiba que meu motivo é maior que o seu sono.  Quero que entenda que não consigo dormir sem antes ler uma boa historia e se deixo meus olhos longe de ti está noite, é pelo mesmo motivo de me ater te ver dormido: Antes eu te lia, agora simplesmente leio. Sei também que você odeia bocejos, eles são altos demais e iriam te acordar, por isso agora fujo dos seus suspiros a meia noite.
Quero confessar que nunca entendi como você gostou de mim. Eu sou tão gritante e me disseram que você sempre preferiu a calma, sempre saiu com vários suspiros e com várias levezas.  É besteira dizer que eu era apaixonada por você, porém, mais besteira ainda era te ver concordando com meu amor. Não queria acreditar que você estava apaixonado por um barulho. Gostava de gritar eu te amo e você sempre proferiu palavras sussurradas ao amor. Você me viu com calma e eu te amei aos pulos.
Gosto do desajustado só para me manter ajustada e entro em desespero quando não consigo as coisas, eu choro e escrevo. E sorrio e escrevo. E canto e escrevo. E me iludo e escrevo. E amo e escrevo. E permaneço, porém ainda escrevo. Comecei a gritar palavras e usar folhas como alto falantes.
Tento me ajustar as palavras como uma mãe se ajusta com seu primeiro filho, tento criar opiniões e acabo gerando certezas equivocadas. Vivo tentando ser alguém, sem ao menos ser e acabo querendo alguém que me faça ser.
Se é questão de confessar, sempre preferi contar historias fictícias na minha cabeça e transformá-las em realidade em meus sonhos. O vilão sempre me beija nele. Prefiro escrever sobre os outros e inventar sobre mim, pensava que assim eles nunca descobririam a verdadeira “Eu”. Somente a escritora, nunca a mulher. Sempre gostei do termo escritora. Todavia perguntavam se eu era a escritora, nunca diziam se eu era a mulher que escreve. Talvez seja por isso que eu não tenha respondido aquelas suas perguntas de personalidade. Talvez seja por isso que nunca escrevi nada sobre mim para você. Eu invento verdades.

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